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sábado, 27 de fevereiro de 2010

GUIA  PRATICO DO CUIDADOR
1 O cuidado
Cuidado significa atenção, precaução, cautela, dedicação, carinho, encargo e
responsabilidade. Cuidar é servir, é oferecer ao outro, em forma de serviço, o resultado
de seus talentos, preparo e escolhas; é praticar o cuidado.
Cuidar é também perceber a outra pessoa como ela é, e como se mostra, seus gestos
e falas, sua dor e limitação. Percebendo isso, o cuidador tem condições de prestar o
cuidado de forma individualizada, a partir de suas idéias, conhecimentos e criatividade,
levando em consideração as particularidades e necessidades da pessoa a ser cuidada.
Esse cuidado deve ir além dos cuidados com o corpo físico, pois além do sofrimento
físico decorrente de uma doença ou limitação, há que se levar em conta as questões
emocionais, a história de vida, os sentimentos e emoções da pessoa a ser cuidada.
2 O Autocuidado
“Tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar
existindo. Uma planta, uma criança, um idoso, o planeta
Terra. Tudo o que vive precisa ser alimentado. Assim,
o cuidado, a essência da vida humana, precisa ser
continuamente alimentado. O cuidado vive do amor, da
ternura, da carícia e da convivência”. (BOFF, 1999).
Autocuidado significa cuidar de si próprio, são as atitudes, os comportamentos que
a pessoa tem em seu próprio benefício, com a finalidade de promover a saúde, preservar,
assegurar e manter a vida. Nesse sentido, o cuidar do outro representa a essência da
cidadania, do desprendimento, da doação e do amor. Já o autocuidado ou cuidar de si
representa a essência da existência humana.
A pessoa acamada ou com limitações, mesmo necessitando da ajuda do cuidador,
pode e deve realizar atividades de autocuidado sempre que possível.
O bom cuidador é aquele que observa e identifica o que a pessoa pode fazer por si,
avalia as condições e ajuda a pessoa a fazer as atividades. Cuidar não é fazer pelo outro,
mas ajudar o outro quando ele necessita, estimulando a pessoa cuidada a conquistar sua
autonomia, mesmo que seja em pequenas tarefas. Isso requer paciência e tempo.

3 comentários:

AACE_ Além do que se vê... disse...

3 Quem é o cuidador
Cuidador é um ser humano de qualidades especiais, expressas pelo forte traço
de amor à humanidade, de solidariedade e de doação. A ocupação de cuidador integra
a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO sob o código 5162, que define o
cuidador como alguém que “cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições
especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação,
higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida”. É a pessoa, da
família ou da comunidade, que presta cuidados à outra pessoa de qualquer idade, que
esteja necessitando de cuidados por estar acamada, com limitações físicas ou mentais,
com ou sem remuneração.
Nesta perspectiva mais ampla do cuidado, o papel do cuidador ultrapassa o simples
acompanhamento das atividades diárias dos indivíduos, sejam eles saudáveis, enfermos e/
ou acamados, em situação de risco ou fragilidade, seja nos domicílios e/ou em qualquer
tipo de instituições na qual necessite de atenção ou cuidado diário.
A função do cuidador é acompanhar e auxiliar a pessoa a se cuidar, fazendo pela
pessoa somente as atividades que ela não consiga fazer sozinha. Ressaltando sempre
que não fazem parte da rotina do cuidador técnicas e procedimentos identificados com
profissões legalmente estabelecidas, particularmente, na área de enfermagem. Cabe ressaltar que nem sempre se pode escolher ser cuidador, principalmente
quando a pessoa cuidada é um familiar ou amigo. É fundamental termos a compreensão
de se tratar de tarefa nobre, porém complexa, permeada por sentimentos diversos e
contraditórios.
A seguir, algumas tarefas que fazem parte da rotina do cuidador:
• Atuar como elo entre a pessoa cuidada, a família e a equipe de saúde.
• Escutar, estar atento e ser solidário com a pessoa cuidada.
• Ajudar nos cuidados de higiene.
• Estimular e ajudar na alimentação.
• Ajudar na locomoção e atividades físicas, tais como: andar, tomar sol e exercícios
físicos.
• Estimular atividades de lazer e ocupacionais.
• Realizar mudanças de posição na cama e na cadeira, e massagens de conforto.
• Administrar as medicações, conforme a prescrição e orientação da equipe de
saúde.
• Comunicar à equipe de saúde sobre mudanças no estado de saúde da pessoa
cuidada.
• Outras situações que se fizerem necessárias para a melhoria da qualidade de vida
e recuperação da saúde dessa pessoa.

AACE_ Além do que se vê... disse...

4 O cuidador e a pessoa cuidada
O ato de cuidar é complexo. O cuidador e a pessoa a ser cuidada podem apresentar
sentimentos diversos e contraditórios, tais como: raiva, culpa, medo, angústia, confusão,
cansaço, estresse, tristeza, nervosismo, irritação, choro, medo da morte e da invalidez.
Esses sentimentos podem aparecer juntos na mesma pessoa, o que é bastante normal nessa
situação. Por isso precisam ser compreendidos, pois fazem parte da relação do cuidador
com a pessoa cuidada. É importante que o cuidador perceba as reações e os sentimentos
que afloram, para que possa cuidar da pessoa da melhor maneira possível.
O cuidador deve compreender que a pessoa cuidada tem reações e comportamentos
que podem dificultar o cuidado prestado, como quando o cuidador vai alimentar a pessoa
e essa se nega a comer ou não quer tomar banho. É importante que o cuidador reconheça
as dificuldades em prestar o cuidado quando a pessoa cuidada não se disponibiliza para
o cuidado e trabalhe seus sentimentos de frustação sem culpar-se.
O estresse pessoal e emocional do cuidador imediato é enorme. Esse cuidador
necessita manter sua integridade física e emocional para planejar maneiras de convivência.
Entender os próprios sentimentos e aceitá-los, como um processo normal de crescimento
psicológico, talvez seja o primeiro passo para a manutenção de uma boa qualidade de
vida.

AACE_ Além do que se vê... disse...

É importante que o cuidador, a família e a pessoa a ser cuidada façam alguns
acordos de modo a garantir uma certa independência tanto a quem cuida como para
quem é cuidado. Por isso, o cuidador e a família devem reconhecer quais as atividades
que a pessoa cuidada pode fazer e quais as decisões que ela pode tomar sem prejudicar os
cuidados. Incentive-a a cuidar de si e de suas coisas. Negociar é a chave para se ter uma
relação de qualidade entre o cuidador, a pessoa cuidada e sua família.
O “não”, “não quero” ou “não posso”, pode indicar várias coisas, como por exemplo:
não quero ou não gosto de como isso é feito, ou agora não quero, vamos deixar para
depois? O cuidador precisa ir aprendendo a entender o que essas respostas significam
e quando se sentir impotente ou desanimado, diante de uma resposta negativa, é bom
conversar com a pessoa, com a família, com a equipe de saúde. Também é importante
conversar com outros cuidadores para trocar experiências e buscar alternativas para
resolver essas questões. Procure se informar sobre grupos de cuidadores, mais detalhes
consultar página 16.(capítulo 8)
É importante tratar a pessoa a ser cuidada de acordo com sua idade. Os adultos e
idosos não gostam quando os tratam como crianças. Mesmo doente ou com limitações, a
pessoa a ser cuidada precisa e tem direito de saber o que está acontecendo ao seu redor e
de ser incluída nas conversas. Por isso é importante que a família e o cuidador continuem
compartilhando os momentos de suas vidas, demonstrem o quanto a estimam, falem de
suas emoções e sobre as atividades que fazem, mas acima de tudo, é muito importante
escutar e valorizar o que a pessoa fala. Cada pessoa tem uma história que lhe é particular
e intransferível, e que deve ser respeitada e valorizada.